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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Letargia Intranquila


1-
Minha dor é minha chuva
Tempestade que me alcança
Minha face perdida na calma
Na alma das águas turbulentas
Nessa solitária peregrinação
No caminho de minhas lamentações
Escrevo “in memorian” à tristeza
Essa realeza sem palácios de feno
Quem me dera colher nesse jardim
Panaceias e gotas de ventos congeladas
Suturas com agulhas de pinheiros
Cantos de pardais debaixo de estrelas
Ah, nessa solidão da monotonia
Como oceano sedento de areia
Vejo-me, reflexo de arrefecimento
As ataduras de minhas vaidades
Quero uma musica pra chorar
Porque os pássaros bebem da chuva
Eu me deparo com o tempo acinzentado
Como moléculas e átomos deprimidos
Assim a tarde vai embora
Tão sórdida como uma arvore seca
Que depois dos frutos, entrega-se

Ao eterno consolo do esquecimento

2-
Fui palha entre a poeira
Espectro de coração ferido
Grito um ai e dois suspiros
Minha alma é sacudida por dentro
Vim de uma terra de ancoras
Em um mar de pó cosmico
Navegam entre as trincheiras
Aqueles que se dizem amigos
Oh que triste fim vem a noite
Depois que essa tarde se encerra
Como um lenço dormente
Que enxuga perolas vagas
Debulhadas na calada do pranto
Em vãos celeiros soltos
Entre as amarras dos trigos
Até quando chorarei a solidão
Como erva da encosta do cume
Num desalento de furia de ventos
Carreguem minha alma pra longe
Num castelo de mármore e gelo
Estou sempre certo que irei
Ao encontro de pura luz branca
Quando minha alma purificada
Adormecer nos braços da fé

3-
Como as estrelas resistem
Ao insistir da noite, a escuridão
Esperarei aguardando
O triunfo da minha alma na luz

Clavio J. Jacinto

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