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quinta-feira, 10 de março de 2022

Hemisfério das Sombras

 

 


Atrás da noite valente

Astros rutilam nas náuseas escuras

Entre olhos sonâmbulos

Escudos de chagas ataduras

No império de sombras preâmbulo

Dos contos assombros sem ternura

Da quinta as daninhas, enredo

Suportam o peso das colunas do medo

Minha alma trêmula

O fogo fátuo inflama

Calafrios os lençóis na cama

Sombras tênues de invernais

Sopro de ventos astrais

Quais portuárias madrugadas do além

Com sustos pródigos desdém

Suores na face escorrendo

Quando a alma dentro se contorcendo

Como pássaro que deseja ir embora

Fuga em insônia da gaiola pra fora

As pernas frugais e amortecidas

Parece até o começo do fim da vida

Mas

Ai de mim

Do brio astro que no nascente nasceu

O dia amanheceu

Suspiro profundo susto aliviado

Pois nas manhãs fogem sombrias

As sombras nervosas da noite fria

No meu rosto o sorriso destila

Finda escuridão

A luz potente em mim já brilha.

 

 

C. J. Jacinto

 

 

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