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segunda-feira, 28 de março de 2022

Campo de Sonhos

 



 

Entrego o meu coração aos sonhos

Para Que flutue entre estrelas vespertinas

Na beleza da lua crescente

Nas águas cristalinas das torrentes

Sonhos sólidos como os perfumes

Iluminados como o sol em lume

Nas catedrais interiores do amor

Onde repousa o descanso da compaixão

Que trabalha dentro do coração

Arquiteto de ideais elevados

Sonho sobre sonho um novo templo

De sacrifício eterno e tão amplo

Que agora é totalmente eficaz

De onde vem o poder destes sonhos

Vem de alguém totalmente glorificado

Cristo que por mim foi crucificado.

Clavio J. Jacinto

domingo, 27 de março de 2022

Dentro de Mim

 



O entardecer enfim

Fio que tece a noite iluminada

Centelhas soltas algodão da alvorada

Estrelas nos campos,

Relvas lucidas gotas espalhadas

Frescor e aromas das laranjeiras

Cheiro do orvalho noturno

Pirilampos lampejam intermitentes

Meu Deus! estou contente

O entardecer enfim

Não lá fora no ermo

Mas dentro de mim


Clavio J. Jacinto

segunda-feira, 14 de março de 2022

Lirios

 


Lírios

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Abri os olhos da vida

Visão da providência e aragem

As rameiras de flores selvagens

O trigo que nasceu no campo

Grãos mortos que ressuscitaram

As chuvas do verão venturado

O beijo mortal do arado

Que rasga o cascalho dourado

Nas colinas azuis e ciprestes

As aves de ninhos silvestres

Neblina que goteja orvalho

Sombra debaixo do carvalho

E eu apenas olhando

Vislumbre efêmero contemplando

Os lírios do campo florescendo

O sol da manhã nascendo

Descanso régio de minha alma

Cálice da paciência

Sorvendo da celeste sapiência

A esperança da graça divinal

Bebo deste manancial

E adormeço nos braços da eternidade

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Clavio J. Jacinto

 

 

 

 


sábado, 12 de março de 2022

Ressurreição





Terra arada

Torrada 

encolhida

Aspera candura

Senda e seara

calmaria

Casa dos mortos

Porto das almas

Terra umida

humilhada

Perfurada

Caluniada

Com corpo humanos

O trigo a germinar nos campos

As flores nos teus altares

Os frutos nos pomares

E os corpos em decomposição?

Arcanjos com harpas nas mãos

Pasma areia molhada

Corpos dos mortos

Inanimados

Serão reintegrados

Transformados

Luz triunfo na escuridão

No dia da ressurreição

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Clavio J. Jacinto

Homo Sapiens




Passo avante pela vida
Como nuvem de carga
Levando sorrisos e pesares
Irrigando os campos minados
Para que nasçam rosas nucleares
Passo pelos vales rasgados
Fertilizado pelo sangue alheio
Me sirvo das luvas de Caim
Sou assim
Bélico, cético, patético
Ateio fogo no trigo e centeio
Quebro o ovo e mato a galinha
Passo fome me aniquilo
Ansioso e intranquilo
Prego cinismo
Vivo escravo do materialismo
Impaciente rebelde esquisito
Estranho ser tenho dito
Peregrino perfurado
Pelos espinhos que tenho colhido
Coração blindado retorcido
Pavio apagado
Umedecido
Pela paródia das ações
Danço e festejo ignóbil
Ao tambor de canhões
Quem sou afinal de contas?
Tão volúvel criatura insana
Sou eu mesmo um coletivo
A adâmica raça humana


CJJ


sexta-feira, 11 de março de 2022

Navegar...

 




Tudo em nós é quietude
Se descansamos em fé triunfante
Crendo em Deus em cada instante
Alcançando o perfume da graça
Pois em Deus somos fortes
Quando o coração vive a esperança
Do evangelho


CJJ

Caminho dos sonhos

 


 

Sou peregrino de meus sonhos

Ando na senda imaginária e tão lúcida

O caminho celeste cheio de pensamentos

Eles são as nuvens imaginárias que levam

As enxurradas de todas as lágrimas

Tempo estável

Choro partido, fragmentado

Lamentável

Penetrantes perfumes do agreste

Mil canções do dia de chuva

Pássaros orquestrando  o fim da tarde

Alma e coração doce amizade

Sem solidão, mas interna solitude

Oh! Meu sonho, doce altitude

Assim me perco pra sempre

No caminho cósmico de todas as plenitudes

 

CJJ

 

 

 

quinta-feira, 10 de março de 2022

Hemisfério das Sombras

 

 


Atrás da noite valente

Astros rutilam nas náuseas escuras

Entre olhos sonâmbulos

Escudos de chagas ataduras

No império de sombras preâmbulo

Dos contos assombros sem ternura

Da quinta as daninhas, enredo

Suportam o peso das colunas do medo

Minha alma trêmula

O fogo fátuo inflama

Calafrios os lençóis na cama

Sombras tênues de invernais

Sopro de ventos astrais

Quais portuárias madrugadas do além

Com sustos pródigos desdém

Suores na face escorrendo

Quando a alma dentro se contorcendo

Como pássaro que deseja ir embora

Fuga em insônia da gaiola pra fora

As pernas frugais e amortecidas

Parece até o começo do fim da vida

Mas

Ai de mim

Do brio astro que no nascente nasceu

O dia amanheceu

Suspiro profundo susto aliviado

Pois nas manhãs fogem sombrias

As sombras nervosas da noite fria

No meu rosto o sorriso destila

Finda escuridão

A luz potente em mim já brilha.

 

 

C. J. Jacinto

 

 

quarta-feira, 9 de março de 2022

Tear de Mascaras

 


Poderia imaginar um mundo sem guerra

Mas o frugal fogo belicoso rasteja 

Nas partes térmicas frondosas da terra

Alparcas rasgadas

Trilhos imberbies colinas parcas

Mar salgado em furia

Sulfurico respirar de trovões

Colinas em fuga ecos e furacões

Ribombar de canhões

Nesse intrepido naufragio titanico

Nesse poema enorme dantesto

Nos sacorcofagos e sombrios afrescos

Do céu ácido e a quinta o terraço

Nos batimentos cardíacos do aço

Que medo meu Deus do futuro

No cais desse arroio de sarcasmos

Crianças correndo ao esmo

Baldías conciencias obscuras

Atrás debalde a torrente conjecturas

meu Deus quantos devaneios

Nesse expurgo infertil a dor

Das narinas na noite a fuligem

Do ímpeto o deserto a estiagem

A calamidade voraz

O pão partido da paz

Afogado nas magoas subornadas

No palco o teatro delitos

Nos espasmos do sufocado grito

meu Deus, tenha misericordia de mim

Que jaz furta minha indigencia 

Na face rugada da indiferença

Sossego entre afiadas lanças indumentárias

Meu palácio de risos se desfazem

Como a sarça que o fogo implode

No tear da mascara de meu decoro

Enfim virei humano

Perante a guerra meu Deus

Eu choro. 


Clavio J. Jacinto