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quarta-feira, 29 de abril de 2020

CORAÇÃO FERIDO


CORAÇÃO FERIDO

Quantas dores nesses árduos caminhos da vida
Lençóis de nuvens de mágoas cobrem meus "ais"
A intrépida flor de verão é a chaga da minha alma
Puro véu carmesim que tinge meu sujo rosto

Quais tempestades que semeiam mil trovões
Trêmula minha alma desaba nesses temporais
Confins da vida que ressoa nos meus pêsames
A eloquencia de tantos lamentos lapidados

Meu coração procura um abrigo e repouso
O vento belicista arrasta minha esperança
Não há consolo nesse ermo de gládios sangrentos
Perdida está minha vida nesses espinhos

Mas da noite dos açoites ouço gemidos
Dos sofridos cravos que rasgaram as mãos
Do Cordeiro mudo que no silêncio mais fecundo
Atravessa os séculos até meus ouvidos

E na sequidão de meu desespero árido
Abro os olhos de minhas chagas neste portal
Onde as gotas de amor escoam nas profundezas
Chegando até o pó desconsolado de meu ser

Erguendo-me desses farrapos de abrigos
Numa saída das regiões íntimas do abismo
Encontro a esperança incrustada de perdão
Que reveste a minha alma de todos os balsamos

Agora revestido de tantas consolações
Procura na rua das calamidades todo o meu ser
E sendo completo dentro de tal bem aventurança
Prossigo para o alvo; o cume da eterna existencia


CLAVIO J. JACINTO




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