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quarta-feira, 3 de maio de 2017

A BRISA E O CAIS



No cais dos ventos, vi a poupa da seda palha.
Pobre alma sem trigo, uma casca de duro pão,
Assim também sou,  uma  breve sombra solta
Um sopro na folha e no amargo do gengibre

Na praia do norte, nos navios de cinza cristal,
Como a erva que chorou no berço da geada
Eu também sofri a seca desse fastio de choros
Um alento nas tardes ébrias, depois das chuvas

Vou seguindo em mares, em canoa sem fundo.
Num pé de vento, descalço entre as nuvens tímidas.
Meu ser submerso nas águas desse pergaminho

Escrevo a brevidade de minha tão acuada vida
Nos lamaçais do suor, da face mais triste da canção

Tomando vinagre, em goles, como se fosse o doce vinho.

CJJ

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