O MILAGRE DA GERMINAÇÃO
Num País distante havia,
Uma multidão no deserto
Um homem que tinha
Um jardim, um pomar
Uma vinha
A multidão passava fome
E aquele solitário homem
Começou a cultivar mais
Queria saciar os pobres famintos
Com o mel e o pão tinto
Um arado a terra cortou
Sobre as feridas da terra
A semente jogou
Esperando a sagrada germinação
Nesse tempo de espera
Chegou um louco peregrino
Tocando harpa, tambores e sinos
Oferecendo ao homem
Flores e frutas artificiais
O homem prontamente rejeitou
Sobre essa questão tanto pensou
Há gente passando fome demais
Não podem comer pães artificiais
Então esperou, as
sementes germinarem
Mas o tempo veio revelar
Elas morreram e não germinaram
Oh tristeza o que fazer?
Levar pães mortos e flores frias
Para encher barrigas vazias?
Não!
Triste vai o homem sozinho
Atrás da multidão de tantos famintos
Sem levar nada que os engane
A multidão desesperada
tanto tempo sem comer
nada
Vê o homem sem pães e flores
Sofre intensa agudas dores
Porque o homem nada tem pra dar
O homem vem desanimado
Triste, porém bem intencionado
Pois não veio trazer coisas artificiais
Mas naquela singela paz
Chorou a amargura até o amanhecer
E disse não ter pão de verdade
“Venho minhas lágrimas,
oferecer”
Assim partiu o homem de volta
Ao seu pomar e seu jardim
Adormeceu triste na solidão
Porque ao próximo, não deu um pão
Clavio Juvenal Jacinto