(Peregrinatur
Terrebis)
(1)
Quando a térrea alma entrou por tal jardim
Na compilação das tragédias desse épico infinito
Nas cavernas aonde as chuvas não chegam
As sombras lá dentro não crêem na luz das estrelas
(2)
Quando em poeira e nevoa o vento mistura
Nos cálices que transbordam em sonhos secos
Vi no lamaçal o grito da lua e o âmago da pouca luz
Os lugares sombrios do coração assassinam o amor
(3)
Quando esse som sibilante tanto mais me assusta
A penalidade das noites carregadas de folhas mortas
Do pulsar tosco de um coração que orbita no medo
Não tem esperança a alma que se entrega a escuridão
(4)
Quando me estremeço diante dos espectros da vida
Nas escaramuças de velhos guerreiros de fogo fátuo
Que caminho turvo é esse sem orquídeas e aromas?
Preso estou nesse
pesadelo etéreo numa redoma
(5)
O ardor de um grito lacerante na mais sacra voz
Que despedaça os grilhões desse vácuo atroz
Dos estilhaços desse susto concreto e tão arenoso
Abro os braços e o sopro desse vento impetuoso
(6)
Das calhas rasas dos olhos todas torrentes lacrimais
Vi os jardins emergirem das batalhas mais vencidas
Nos pardos pontos do horizonte fogem os chacais
As fontes vitais
renascem cândidas no porto da
vida
(Clavio J. Jacinto)
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