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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Sonhos Transpassados

 

Fui andar nas trilhas da floresta

Caminhos solitarios que abrem a memoria

Resolvendo a poeira da insensibilidade

Encontrei antigos amigos guardados no coração


Da alma brotou alfazemas de saudades

Estação sublime de meus sentimentos adormecidos

Até o sorriso nostálgico que hibernava

Emergiu como a sombra de um poço aberto


As lembranças lustrais se ergueram da solidão

Como a borboleta que voa dos prados

Nos folguedos de estrelas que crepitam na noite

Enquanto a minha vida é revestida de mistérios


Nesse cosmos silencioso de céu brando

Infância de sonhos que choram na tarde

Cada cais desse profundo mar de lembranças

Na velhice me faz sentir eterna criança



Clavio J. Jacinto

Expectação

Cravados no peito 

Essa espada de esperança

Que não mata mas fustiga

A alma ao sofrimento e suplícios


É  que nesse cortejo de tantos feridos

Grita a sombra em busca de refugio

O halito liberto da vida

Que a crueldade mais impóe


Mas das cavidades dessas chagas

Ressonancia de um clamor epico

Como das dores que formam

O coagulo das pedras preciosas


O homem moribundo de amores

Como farol da noite inteira

Como a terra que das fontes flui

As flores e os perfumes da primavera


A revolta das chuvas nesses temporais

Depois da partida dos ventos torrenciais

Um arco de cores sustenta as montanhas

E o brilho do sol depois dos vendavais


Clavio J. Jacinto

Rasgos Íntimos

 Um vulto perdido nas sombras

Das árvores desfolhadas do inverno

Assim são meus livros

Palavras rasgadas em papéis feridos

Pelas lâminas de minhas penitências

Isoladas no oceano da gota de lagrima



Clavio J. Jacinto

Jardins

 

Se em rosas áureas cobrem o rosto

Auréola de uma primavera

Escondida no jardim de lírios

Espinhos cravados nas pedras

Do coração endurecido por sonhos transpassados

Aqui estou eu

Perdido no vento agreste

Dessas tempestades que levam

Todas as sementes de minha esperança



Clavio J. Jacinto