A NECRÓPOLE
Em uma cidade silenciosa eu vi
Túmulos grandes e outros tão
pequenos
Entre sarças estranhas e ervas
daninha
Flores tristonhas em vasos
quebrados
As lagrimas todas no mar da
saudade
O vândalo obscuro, assustado,
sem piedade
Tudo misturado com nuvens
celestes
Retratos de tantas gentes que
já se foram
Partiram pro além, nos
abandonaram
Histórias e sonhos escondidos
na terra
Uns conhecidos outros
misteriosos
Na solitária palavra de todos
os lamentos
Num campo santo, o réu finado
Acorrentado nas ânsias de todas
as duvidas
Ouvi as potencias de todos os
ruídos
Pássaros cantam no entardecer
Como ancoras, adormecida num
oceano
Que foram despertadas pelos
açoites das ondas
Uma foz da falácia de todo o egoísmo
Eu vi uma cidade, uma estranha
cidade eu vi
Destino sagrado de todo o pó
vivente
Uns adormecem no leito frio das
incertezas
Outros abraçam a aurora da
germinação
Aguardam no vácuo, a
ressurreição
Clavio J. Jacinto
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